As divergências internas no grupo político que governa o Maranhão desde 2014 ganharam novos contornos nesta semana, após declarações públicas de dois dos principais nomes da base aliada: o secretário de Articulação Política, Rubens Pereira, e o vice-governador do Estado, Felipe Camarão.
Em entrevista ao programa Expediente Final, da Rádio Difusora News, Rubão afirmou que o rompimento nas negociações entre os grupos ligados ao governador Carlos Brandão e ao ministro Flávio Dino ocorreu, principalmente, por conta da disputa em torno da indicação do vice na chapa para 2026. Segundo ele, assim como Flávio Dino indicou Felipe Camarão para compor a chapa vitoriosa antes de deixar o governo, Brandão buscou adotar o mesmo critério, reivindicando o direito de indicar o vice. No entanto, a proposta foi rejeitada. “Aí foi onde estancou”, declarou.
O secretário também saiu em defesa do governador, rebatendo as críticas feitas pelo deputado federal Márcio Jerry (PCdoB), que havia apontado falta de diálogo e o não cumprimento de acordos políticos por parte de Brandão. De acordo com Rubão, todas as reuniões e articulações foram realizadas com a anuência do chefe do Executivo estadual. “Já participamos de mais de 20 reuniões este ano com temas políticos, e não podemos dizer que o governador está sendo omisso”, afirmou. Ele ainda reforçou que Brandão está decidido a cumprir seu mandato até o fim e destacou o fortalecimento do nome de Orleans Brandão para a sucessão.
Após a repercussão da entrevista, o vice-governador Felipe Camarão reagiu publicamente por meio da plataforma X (antigo Twitter), negando que tenha ocorrido qualquer tipo de diálogo com o governador sobre composição de chapa ou indicação de nomes para 2026. “Nunca houve qualquer diálogo entre o governador Carlos Brandão comigo ou com esse time vitorioso sobre o tema”, escreveu. Camarão classificou como “estranha e inexistente” a versão de que a divisão entre os grupos teria ocorrido por essa razão.
O vice-governador reafirmou que segue aberto ao diálogo e defendeu uma construção política baseada em união e objetivos comuns. “Política é saliva, é construção de pontes e não de muros. Sempre que houver identidade de objetivos, um time pode e deve seguir unido”, completou.
As declarações reforçam que a disputa em torno da sucessão estadual em 2026 já começa a redesenhar o mapa das alianças no Maranhão. De um lado, o núcleo político ligado ao governador sinaliza o desejo de liderar a chapa majoritária. De outro, figuras como Felipe Camarão, Márcio Jerry, e deputados estaduais da oposição cobram o cumprimento dos pactos políticos que sustentaram as vitórias eleitorais de 2014, 2018 e 2022.