segunda-feira, 8 setembro, 2025
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Por Marcio Jerry

Um dos traços da política atrasada que por décadas se estabeleceu e deu as cartas no Maranhão é o de privilegiar os interesses e a lógica de uso do poder pela chamada “classe política”.

Grosso modo é uma espécie de lógica “estamental” que busca fortalecer e preservar a reprodução do poder mediante o uso da política e deixando de lambuja, precariamente, o atendimento dos interesses do povo. Os políticos em primeiro lugar, pois.

Na histórica vitória de Flávio Dino em 2014 e já em sua campanha ao governo em 2010 essa lógica e organização foram duramente criticadas e ao fim derrotadas. A eleção em 14 foi construída à parte e até contra essa “classe política”, que rapidamente se adequou ao novo cenário, como é de sua natureza sobrevivencial.

O foco no povo, ligação direta com sua excelência o povo, fez uma ruptura democratizante, que oxigenou o ambiente político e gerou um novo padrão e deu forma a um novo e virtuoso ciclo. Contudo, isso é processo histórico em permanente teste e disputa, como agora claramente se percebe.

Presente e passado se enfrentam na história e às vezes digladiam.

Entre as características dessa cultura de classe política está o familismo. Política para os políticos a começar pelos políticos de casa, da parentela. E os interesses do povo subordinados a isso, bem como limitado a isso todo o processo de disputas dos espaços públicos de poder.

Certa noite, lembro bem, em 2019, numa conversa no plenário da Câmara a experiente e combativa deputada Luiza Erundina fez comentários acerca do Maranhão, um dos quais sobre a sustentabilidade política do ciclo democratizante de republicanização num estado que por décadas fora submetido ao exercício familiar e patrimonialista no jogo do poder.

Ela especulou mais ou menos assim: “É preciso ter muita atenção com essa barreira na organização de um processo desse tipo, para que a cultura politica do passado não iniba ou até sufoque o ciclo político de renovação e mudanças liderado pelo Dino”. Ou seja, essa antiga cultura política sedimentada, mesmo momentaneamente enfraquecida, está à espreita para tentar se reafirmar.

A abordagem comparece aqui porque presente nas reflexões sobre a conjuntura maranhense feitas em vários espaços de debates nos últimos meses especialmente com movimentos sociais. Política para o povo e não política para os políticos voltou a ser tema tão atual quanto desafiador no Maranhão de agora.

Quem, como eu, ajudou a construir o ciclo que libertou o Maranhão dessa cultura atrasada e arejou como nunca o ambiente político democrático, a opção clara é pela coerência histórica, portanto, pela luta em defesa da democracia, alternância, participação do povo, tudo isso organizado sob a marca e referência do projeto de um MARANHÃO DE TODOS NÓS.

Márcio Jerry é deputado federal pelo Maranhão.

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