Por Janilson Silva
O Brasil retornou à lista das 20 nações com maior número de crianças não imunizadas do mundo, segundo um relatório divulgado nesta segunda-feira (14) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O país, que havia saído do ranking em 2023, agora ocupa a 17ª posição, com 229 mil crianças sem vacinação em 2024, mais que o dobro do registrado no ano anterior (103 mil).
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O estudo usou como referência a cobertura da DTP1, vacina que protege contra difteria, tétano e coqueluche e serve como indicador de acesso à imunização de rotina. Globalmente, 14,3 milhões de crianças não receberam nenhuma dose de vacina em 2024, sendo consideradas “zero dose”. Outras 5,7 milhões têm proteção parcial. No Brasil, nenhuma das 17 vacinas monitoradas atingiu a meta de 90% de cobertura.
Em 2024, 89% das crianças no mundo (115 milhões) receberam pelo menos uma dose da DTP, e 85% (109 milhões) completaram as três doses. Houve melhora em relação a 2023, mas ainda há 20 milhões de crianças com alguma dose pendente, 4 milhões a mais do que o necessário para cumprir as metas da Agenda de Imunização 2030.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, alertou que cortes em recursos e desinformação sobre vacinas ameaçam décadas de progresso. “Quedas pequenas na cobertura podem levar a surtos e sobrecarregar sistemas de saúde”, destacou o relatório.
A vacinação contra o HPV avançou, com 31% das adolescentes elegíveis recebendo ao menos uma dose, ante 17% em 2019. A cobertura completa subiu de 21% para 28%, mas ainda está distante da meta de 90%. Enquanto isso, a primeira dose da vacina contra sarampo teve leve alta (83% para 84%), sem recuperar o patamar pré-pandemia (86% em 2019). A OMS emitiu alerta este ano devido ao aumento global de casos.