domingo, 21 setembro, 2025

O Maranhão ocupa a segunda posição entre os estados brasileiros com maior número de conflitos por terra, segundo o Atlas dos Conflitos no Campo Brasileiro, elaborado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). De 1985 a 2023, foram registrados 4.033 conflitos no estado, número superado apenas pelo Pará, que lidera com 4.961 ocorrências.

O levantamento confirma a recorrência e a gravidade das disputas fundiárias no território maranhense, marcado por ameaças, violência física, grilagem de terras, destruição de moradias e plantações. Os principais atingidos são comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e camponeses.

Em 2024, o Maranhão voltou a liderar o ranking anual da CPT, com 363 ocorrências de conflitos por terra, afetando mais de 20 mil famílias. Os dados integram o Caderno de Conflitos no Campo, relatório anual da CPT lançado em abril deste ano, em São Luís.

O evento de lançamento ocorreu no Auditório do Sindicato dos Bancários e reuniu representantes de movimentos sociais, pesquisadores e agentes públicos. O relatório da CPT é reconhecido nacionalmente como fonte de consulta para universidades, organizações não governamentais e órgãos governamentais que atuam na promoção dos direitos humanos e na defesa da reforma agrária.

Além do relatório, a CPT também apresentou o Atlas da Violência no Campo, resultado do trabalho de mais de 30 pesquisadores de universidades brasileiras. O documento expõe casos de ameaças sistemáticas, grilagem de terras e trabalho análogo à escravidão, com recortes específicos sobre as regiões Nordeste e Amazônica.

Neste ano, São Luís foi escolhida como sede do V Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra, que celebrou os 50 anos da organização. A escolha da capital maranhense foi considerada simbólica pela coordenação nacional da CPT, por representar um território de resistência ativa das comunidades do campo.

“Este é um território marcado pela vida e pela resistência das comunidades, onde a articulação é uma das formas de enfrentamento”, afirmou Cecília Gomes, da Coordenação Nacional da CPT.

O cenário agrário no Maranhão continua a exigir atenção e ações efetivas do poder público para garantir a proteção das comunidades e o direito à terra. Os dados apresentados reforçam a urgência de políticas estruturais para conter a violência e assegurar dignidade aos povos do campo.

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